Meninas,
Pensando em contribuir para organização de nossa apresentação no Seminário, tomando a idéia de que compartilhar nossas reflexões com o grupo de colegas seria uma boa, e inspirada pelo vídeo produzido pela Si Franco...
Fui aos nossos relatos, desde o início das postagens no blog, buscar trechos que digam de como vemos nossos alunos.
Como os debates são feitos, de maneira geral, a partir da leitura do texto do Arroyo e dos dilemas que vivemos, vejam que a tensão presente em sala também aparece em nossas descrições dos alunos...
Em nossas discussões, colocamos que fazer um levantamento dos saberes que elaboramos a respeitos dos modos de compreensão e comportamento dos alunos pode nos ajudar em nossos planejamentos, na elaboração de metas e reivindicações frente à SME.
Acho que os pequenos recortes que fiz de nossos relatos, podem ser um pontapé para um bom texto a respeito do quanto não sabemos, ou não elaboramos sobre nossos alunos e alunas e como podemos conhecer e saber dizer sobre eles.
Vejam o que acham.
Beijos,
Mafê
Como o mal-estar nas escolas na relação mestres-alunos pode estar
indagando os currículos? As indisciplinas, o desinteresse teriam a ver com os conteúdos da docência, com os processos de aprendizagem e com a organização escolar e curricular?
(...)
muitos coletivos docentes passam a investigar os currículos a partir dos educandos. Há novas sensibilidades nas escolas e na docência em relação aos educandos. Não há como ignorá-los.
(...)explorar as novas sensibilidades dos docentes para com os educandos. Como os vemos, como nos obrigam a vê- los, terminará obrigando-nos a repensar o que ensinar, o que aprender e em que lógicas. (...) as reflexões focalizam os educandos e as educandas, como estão mudando e obrigando-nos a rever nosso olhar sobre eles e elas e sobre os conteúdos da nossa docência e de suas aprendizagens. (páginas 20 e 21 do texto de Miguel Arroyo)
Miguel explica que os alunos chegam na escola com identidades de classe, raça, etnia, gênero, território, campo, cidade, periferia e é através dessas imagens que devem ser construídas as imagens dos alunos. Ao repensar o currículo é preciso rever com olhar crítico essas imagens sociais que os alunos trazem para a escola.
A pergunta principal a que o autor coloca é: qual a imagem que temos dos nossos alunos para que consigamos a reestruturação do nosso currículo?
Acho que precisamos pensar muito nisso e tentar conhecer ao máximo nossos alunos para fazer mudanças positivas. Acredito que talvez seja muito difícil sair desse cotidiano que já estamos acostumados com aulas tradicionais. Apesar do caos que se encontra instalado nas escolas,viemos de uma outra geração, e a mudança significa a busca do novo, desconhecido e acaba gerando insegurança por parte de todos nós educadores.
Apesar disso, toda tentativa para melhorar a prática escolar é válida. Então, vamos lá e continuemos nossos estudos sobre currículo.
Texto de Claudinha, 3/06.
“Algumas questões levantadas:
- Como vemos os educandos? Quem são esses sujeitos?
- Como vemos o conhecimento que ensinamos? E quais são os novos processos de ensinar e de aprender?
- Quais os significados e quais valores esses conhecimentos passados tem para nossos educandos?
- A forma como vemos nossos educandos influenciam a escolha dos conhecimentos e os significados que eles podem atribuir a estes conhecimentos.
Proposta para próximo encontro: Olhar para estas questões abaixo e escrever pequeno relato sobre elas.
* Como vemos os educandos?
* Como vemos o conhecimento que ensinamos?
* Quais os significados são atribuidos pelos educandos ao saber ensinado na escola.”
Registro do encontro realizado durante GT pela Profa.Simone Franco, 3/06
“Se o dinamismo atual suplanta o aprofundamento, a aula deveria, então, ser tão dinâmica e superficial quanto todo o resto... Se a imagem é o centro das atenções, a aula deveria ter uma forma que prevalecesse sobre o conteúdo...”
Texto de Silmara (20/05)
“...são crianças de 6 anos que em sua maioria vivenciou a experiência da escola infantil, são muito curiosos e sempre prontos a participar das atividades e como qualquer criança desta idade são bem falantes e agitadas. Moram em um bairro de periferia de Campinas e como todos nós, têm sonhos e planos para o futuro. Embora trabalhe com esta comunidade há cerca de 11 anos, não posso falar sobre a realidade social em que vivem, já que não a vivencio cotidianamente como eles. Sei que trazem marcas dessa realidade, assim como eu também levo para o interior da escola as marcas do vivido por mim.”
Simone Franco (6/6)
“não conseguem se organizar, não conseguem fazer relação do conhecimento aprendido com a vida. (...) porque os educandos não conseguem ser atraídos pela escola e não percebem a importância do saber e do aprender, o que precisamos mudar?”
(...)O imediatismo que essa geração vivencia é trazida para dentro da escola e percebemos que os educandos são muito ansiosos para acompanhar os conhecimentos trabalhados em sala de aula. Tentam a todo momento burlar os desafios propostos pelas professoras devido a esta ansiedade.
(...) o crescimento dos educandos e o fato de estarem adolescendo - cada vez mais precoce ”
Registro do encontro realizado durante GT pela Profa.Simone Franco, (10/6)
“comportamento em alguns meninos (principalmente) que vão “adolescendo” e tornando-se desrespeitosos conosco, agressivos com os colegas, ou mesmo nos mais novos que passam muitas horas nas ruas e aprendem meios de conseguirem o que querem das maneiras mais inimagináveis para nós e que nos chocam...”
Mafê (16/06)
“vejo como crianças relativamente interessadas e curiosas, isto porque não há muita demonstração de interesse pelo que é ensinado. São poucos os alunos que procuram saber algo além do que foi dado, que trazem alguma contribuição para a sala de aula, que contribua para o conhecimento dele ou de seus colegas.”
Onéa (20/06)
“Claudinha diz que muitos de nossos alunos do 8º e 9º ano já estão entrando para o mercado de trabalho e acabam fazendo a relação, ou interessando-se pelo conteúdo ensinado, quando se torna necessário em sua vida. Relatou que um aluno a procurou para perguntar sobre porcentagem que havia ensinado, pois precisou utilizar o cálculo no mercadinho onde trabalha. Existe um interesse no aluno, quando eles conseguem perceber os conteúdos inseridos no trabalho.
(...)
Simone Cecília (...)Em suas aulas mescla meninos e meninas, mas relata que as meninas se anulam. (...) a relação de gênero é bem complicada, meninas acabem se excluindo nas atividades.
Os alunos precisam ser acolhidos, eles pedem atenção o tempo todo, devido aos problemas sociais e afetivos. Vanessa fala que temos que ser mais cautelosos quando formos mencionar sobre os responsáveis pelos alunos. Hoje os responsáveis não são somente os pais, mas tios, avós, parentes... Temos uma imagem formada de família, mas a sociedade mudou.”
Registro do encontro realizado durante GT pela Profa. Mônica, dia 29/07
“As crianças que chegam a escola carregam várias certezas impostas sobre elas pela sociedade, pela família, pela escola e por nós educadores, que muitas vezes as impedem de acreditar serem capazes de vivenciar o aprendizado proposto pela própria escola e não construído no encontro dessas novas mudanças que a sociedade que vivemos nos impõe.”
Simone Franco, (21/08)