Um relato puxa outro
Mafê, quantas questões me passaram pela cabeça lendo seu texto. Quando enfrento os meus (nossos) problemas ou dificuldades em sala de aula, fico agoniada ao perceber, na minha perspectiva, que poucos na escola os têm. Será verdade ou são colegas que já estão saturadas de buscarem soluções, orientações, encaminhamentos e “fracassaram”?
Quando cheguei ao São Marcos, recebi uma classe muito especial, na verdade com um aluno muito especial e a professora me procurou contando sobre o aluno, sobre os motivos que a levaram a trocar de turma, o que pude verificar rapidamente. Vi as razões do seu desânimo e convive com a turma, contornando surtos agressivos, vocabulário ofensivo, cusparadas, etc, precisando até da ajuda do guarda, você (s) se lembra (m)? Outros momentos este menino era doce, meigo, poucos acreditavam. No ano seguinte findou tacando fogo na casa e por aí continuou a história deste garoto.
A mãe, não sabia mais o que falar, vinha correndo do Ceasa, ouvia, lastimava não saber mais o que fazer, chegando a relatar que apanhava dos filhos! O que mais ouviríamos se continuássemos questionando esta mãe?
Hoje no horário de saída das crianças, procurei duas mães para comentar sobre os cadernos de lição de casa e um dos alunos mostrou o primo. Fui a sua direção, no meio da rua desviando de motos e já dando o recado. O adolescente me olhou nos olhos, abriu um franco sorriso e falou: “Edna, não se lembra de mim?” Reconheci aquele sorriso meigo, gostoso e nos abraçamos, conversando rápido sobre nossas vidas. Era o D, aquele menino que muitas vezes agrediu a todos nós e que talvez continue dando trabalho à tarde. Conto tudo isso porque naquele momento da identificação, só houve boas lembranças, acredito que resultante de todas as tentativas, até as fracassadas de modificá-lo ou talvez ajudá-lo. Senti uma grande alegria e um gostoso sentimento de dever cumprido, acreditando que apesar de tudo devemos continuar investindo no aluno, lembrando que preparamos também para o futuro e talvez as condições de vida atuais não permitam que demonstrem suas verdades.
Edna
COMENTANDO PUBLICAÇÃO DO DIA 20/03/2012
Uêba! Comentário postado! Que bom, Edna! Vc é fuçadeira... se dependesse do tempo que temos para aprender com ajuda estávamos fritas, né?
ResponderExcluirVc disse do D. lendo o registro da Si... lembrei dos Jôs, como disse lá no comentário da postagem dela.
São eles que nos mobilizam a repensar o trabalho todo-santo-dia!
beijos