segunda-feira, 6 de junho de 2011

Refletindo sobre as questões

Começo meu pequeno escrito por um trecho retirado da leitura que fizemos, está na página 21.

“À medida que as sensibilidades se voltam para os sujeitos da ação educativa, para nossas identidades e saberes docentes e, sobretudo, para nosso trabalho, e à medida que temos outro olhar sobre os educandos, torna-se obrigatório ter outra visão sobre a prática escolar, os currículos, os tempos e seu ordenamento.”

Como vejo meus educandos: falando especificamente da minha turma atual tenho algumas certezas sobre eles, são crianças de 6 anos que em sua maioria vivenciou a experiência da escola infantil, são muito curiosos e sempre prontos a participar das atividades e como qualquer criança desta idade são bem falantes e agitadas. Moram em um bairro de periferia de Campinas e como todos nós, têm sonhos e planos para o futuro. Embora trabalhe com esta comunidade há cerca de 11 anos, não posso falar sobre a realidade social em que vivem, já que não a vivencio cotidianamente como eles. Sei que trazem marcas dessa realidade, assim como eu também levo para o interior da escola as marcas do vivido por mim.
Como vejo o conhecimento que ensino : existe o conhecimento que é parte integrante de qualquer currículo que se diga de qualidade (aprender a ler, a escrever, as operações, problemas matemáticos, os diferentes gêneros e portadores textuais, a comunicação oral, as artes plásticas, etc.) e existe aquele que não diria que é ensinado, mas sim partilhado, construído e vivenciado na escola pelas e com as crianças e que é elaborado para cada turma a partir das necessidades, dos interesses e dos conhecimentos que trazem consigo quando chegam à escola. Por exemplo, pesquisar a história da capoeira, aprender a fazer um brinquedo, pensar sobre a necessidade da reciclagem, aprender a tocar um instrumento musical, montar um blog, produzir um livro de receitas...são exemplos do conhecimento que podem fazer as crianças sentirem-se parte de um todo ou que possam a partir deste conhecimento inicial trabalhado na escola, serem capazes de buscar, pesquisar outros conhecimentos para sua vida em sociedade.
Quais os significados as crianças atribuem aos conhecimentos vividos na escola: Sinceramente não sei se todos e cada uma das crianças tem idéia do significado deste ou daquele conhecimento, sei dizer que de algumas coisas eles gostam mais e de outras gostam menos. Fico pensando em minha vida enquanto aluna, nunca gostei muito de matemática e em compensação adorava história (mesmo tendo que responder a questionários longos e cansativos). É muito difícil saber aquilo que toca a cada um, por isso muitas vezes quando nos deparamos com uma criança que é difícil de atingir, que nenhum conhecimento o atrai, ficamos perdidos e sem saber aonde está o problema, geralmente penso que ainda não achei o método ou a maneira de trabalhar um conhecimento que possa atingí-lo, mas nem sempre é assim. Voltando novamente ao texto, na página 23 encontrei mais um trecho que alimentou minhas reflexões.

“Crianças, adolescentes, jovens ou adultos que chegam às escolas carregam imagens sociais com que os currículos, as escolas e a docência trabalham, reforçam-nas ou a elas se contrapõem. Chegam com identidades de classe, raça, etnia, gênero, território, campo, cidade, periferia... e sobre essas imagens construímos as imagens de alunos, definimos funções para cada escola e priorizamos ou secundarizamos conhecimentos, habilidades e competências.”

A partir deste escrito e da leitura realizada, surgiram para mim mais duas questões que talvez alguém de vocês possa me ajudar a responder:

1-   Será que não seria também uma imagem social a que temos sobre os educandos que não querem ou não gostam de estudar?
2-   Talvez não seria necessário olhar para nossa prática e ver se o conhecimento que trabalhamos e a maneira que ensinamos não influencie os significados que esses educandos atribuem ao conhecimento escolar?

Professora Simone Franco.

3 comentários:

  1. Si,
    Eu sentei para escrever um texto... daí fui ler o seu e o da Silmara antes e decidi postar comentários... assim vamos tecendo diálogo e multiplicando perguntas...rs...
    Começarei respondendo às suas perguntas:
    1- SIM!!
    2- SIM!! Isso daria uma bela pesquisa colaborativa entre nós!! Seria linda!
    E agora eu pergunto, a partir do seu texto, imbuída pela escrita do meu, por conta da pesquisa. Me fiz perguntas parecidas durante todo o percurso de escrita para o mestrado:
    Você escreveu:
    "Como vejo meus educandos?... Moram em um bairro de periferia de Campinas e como todos nós, têm sonhos e planos para o futuro. Embora trabalhe com esta comunidade há cerca de 11 anos, não posso falar sobre a realidade social em que vivem, já que não a vivencio cotidianamente como eles. Sei que trazem marcas dessa realidade..."
    Quais seriam estas marcas? Nós as identificamos, exatamente por serem diferentes das nossas, frutos de vivências diferentes... de classes sociais diferentes, principalmente.
    Quanto ao conhecimento: Por que separou o que é ensinado do que é partilhado? Não partilhamos procedimentos de leitura? Não ensinamos história da capoeira ou de um brinquedo tradicional? Eu me vi separando estas coisas em vários momentos, em diferentes anos, em diferentes cadernos de planejamento. Isso é o que o Arroyo chama de hierarquização de saberes... Somos nós valorando o que produzimos de maneiras diferentes para sermos aceitas na comunidade escolar! Nós aceitas... quantos grupos sociais não tem sido excluídos com esta valoração feita pela escola?É amiga... somos fruto da bendita...
    Você ainda diz: "É muito difícil saber aquilo que toca a cada um, por isso muitas vezes quando nos deparamos com uma criança que é difícil de atingir, que nenhum conhecimento o atrai, ficamos perdidos e sem saber aonde está o problema, geralmente penso que ainda não achei o método ou a maneira de trabalhar um conhecimento que possa atingí-lo, mas nem sempre é assim..." Quando acontece o "nem sempre" era para ser o momento de trabalharmos coletivamente por estas crianças. Temos feito algumas iniciativas neste sentido... Mas sem muito registro do que vem dando certo...Daí, seguimos "reinventando a roda"...
    E prosa boa!
    Agora, só ao vivo!!
    Beijos,
    Mafê

    ResponderExcluir