Há cerca de duas semanas as Professoras Mônica e Claudinha passaram pelas salas das turmas da manhã, juntamente com as meninas que participam do Projeto Reciclando com Arte, para pedir a colaboração dos pequenos em trazer para a escola pilhas e baterias usadas para o descarte adequado.
Encontrei aí um bom motivo para a produção de um texto com real uso social, para além das atividades escolares diárias que muitas vezes não fazem relação com a vida das crianças.
Geralmente os pequenos esquecem os recados que devem dar a família e um bilhete ou um folheto informativo se faz necessário.
Propus a turma então que coletivamente escrevêssemos um texto para lembrar as famílias de guardar as pilhas e baterias usadas para jogar na escola e não no lixo comum.
Com esta turma toda proposta é muito bem aceita.
Alguns dias depois comecei a aula relembrando a tarefa do texto com o qual nos comprometemos com as professoras.
Um dos meus alunos, o Emanuel, é um menino que desenha muito bem, pois sempre recorre a detalhes e a incorporar na ilustração elementos que surpreendem a todos.
Enquanto fazíamos o texto coletivo, pedi que Emanuel então pensasse e fizesse um desenho que fosse adequado para a informação que precisavámos transmitir.
Em casa formatei o folheto e para mim nada mais natural do que registrar a autoria da produção, tanto do texto escrito quanto da ilustração.
No entanto, a reação provocada foi muito além do que eu esperava.
No final da aula quando entreguei o folheto a todas as crianças para que levassem para casa, o Emanuel veio até mim e disse:
"- Pro., você colocou meu nome aqui?"
Eu disse que isso era lógico (pelo menos para mim) porque sempre que produzimos algo, temos que colocar o nome de quem fez.
Com um largo sorriso em seu rosto, colocou o papel de encontro ao peito como se fosse a coisa mais valiosa e querida do mundo, disse que não via a hora de chegar em casa para mostrar a sua mãe e em seguida me deu um forte abraço em forma de agradecimento.
Fiquei muito feliz em ter ajudado este menino a se sentir importante, participando de algo que toda a escola teria acesso e se reconhecendo como autor, no entanto acredito que conhecendo a sua família como conheço, o crédito desta alegria também é dela, porque são pais que ouvem, pesquisam, respondem e discutem as atividades produzidas na escola dando muito valor a curiosidade e criatividade de seu filho.
Parece que é mais fácil falarmos sobre aquilo que não dá certo e que nos leva a dúvidas constantes. Mas com certa frequência consigo ouvir também acontecimentos que nos motivam e nos fazem mais felizes.
O Emanuel ficou feliz em ver seu nome escrito no papel.
Certamente sua família ficou feliz ao vê-lo tão alegre.
Eu fiquei feliz por ter ajudado a produzir esta alegria.
Agora me diz, o que faz você feliz?
Simone Franco